A batalha judicial entre a Nintendo, The Pokémon Company e a desenvolvedora Pocketpair, criadora de Palworld, segue ganhando novos capítulos no Japão. O motivo? Acusações de violação de patentes relacionadas a mecânicas de captura de monstros e movimentação de personagens — elementos centrais tanto em Palworld quanto na franquia Pokémon.
Lançado em 19 de janeiro de 2024 para Steam e Xbox via acesso antecipado, Palworld explodiu em popularidade, vendendo 8 milhões de cópias em apenas seis dias e superando 25 milhões de jogadores em um mês.
O jogo apresenta criaturas chamadas Pals, que podem ser capturadas e utilizadas para diversas tarefas — como combate, trabalho manual e construção. A mecânica de captura, feita por meio das Pal Spheres, além do visual de muitos Pals, gerou comparações diretas com Pokémon, e o título logo ganhou o apelido de "Pokémon com armas", devido ao seu tom mais sombrio e humor ácido.
Em setembro de 2024, a Nintendo e a Pokémon Company deram início a um processo contra a Pocketpair, alegando que Palworld viola três patentes registradas no Japão: duas relacionadas à captura e liberação de monstros, e uma ligada à mecânica de montaria em personagens. As patentes foram oficialmente registradas em 2024, mas derivam de registros anteriores de 2021, indicando uma possível estratégia de proteção direcionada após o sucesso de Palworld.
📌 Veja o comunicado oficial da The Pokémon Company feito em janeiro de 2024, destacando preocupações sobre jogos que possam causar confusão com sua IP.
Desde então, a Pocketpair realizou diversas atualizações no jogo, como:
Essas alterações fazem parte de uma estratégia legal comum no Japão, como explicou o advogado de patentes Kiyoshi Kurihara em uma reportagem do Yahoo Japan. Segundo ele, a defesa padrão inclui:
Recentemente, a Nintendo alterou a redação da patente referente à montaria em personagens (“boardable characters”). A mudança, ainda que legal, é considerada incomum, indicando que a empresa pode estar tentando fortalecer sua argumentação jurídica. Segundo o especialista em propriedade intelectual Florian Mueller, do GamesFray, essa manobra geralmente ocorre quando o titular teme que a patente original seja considerada inválida.
O advogado japonês Ryo Arashida, via X (Twitter), observou que essa alteração pode gerar uma contradição jurídica: originalmente, a patente excluía equipamentos (como planadores) da definição de personagens montáveis. Assim, alegar que o Glider de Palworld é uma violação poderia enfraquecer a argumentação da Nintendo.
Apesar do processo, a Pocketpair continua atualizando Palworld. A mais recente novidade é um crossover com Terraria, ampliando ainda mais o universo do jogo.
Leia mais sobre o sucesso de Terraria e sua influência nos jogos de sobrevivência.
O caso entre Nintendo, The Pokémon Company e Pocketpair pode definir precedentes importantes para o mercado de jogos e propriedade intelectual no Japão. Enquanto a batalha judicial continua, Palworld mantém sua base de jogadores ativa e engajada, mostrando que mesmo em meio à controvérsia, o jogo continua crescendo.